| ESTADO DE SANTA CATARINA |
| SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA |
| COMISSÃO PERMANENTE DE ASSUNTOS TRIBUTÁRIOS |
| RESPOSTA CONSULTA 35/2025 |
| N° Processo | 2470000041618 |
ICMS. REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. O BENEFÍCIO DA
REDUÇÃO DA BASE DE CÁLCULO NÃO SE APLICA ÀS SAÍDAS DE MIX DE
FARINHAS (NCM 1102.90.00), POIS NÃO É CONSIDERADO ITEM DA CESTA BÁSICA,
NOS TERMOS DO ART. 11-A DO ANEXO 2 DO RICMS/SC. NAS OPERAÇÕES INTERNAS COM
A MERCADORIA MIX DE FARINHAS APLICAM-SE AS SEGUINTES ALÍQUOTAS: A) DE 17%,
QUANDO DESTINADAS A NÃO CONTRIBUINTE DO ICMS (CONSUMIDOR FINAL); B) 12% QUANDO
DESTINADAS A CONTRIBUINTE DO ICMS, EXCETO SE DESTINADAS A USO OU CONSUMO.
Trata-se de consulta em que a Consulente, cadastrada com CNAE principal 1061-9/01 Beneficiamento de arroz, vem requerer esclarecimento a esta Comissão quanto à correta tributação do produto Farinha Mix ou mix de farinhas.
A
interessada informa que o produto em tela é composto de: farinha de arroz
(51,72%), fécula de mandioca (43,10%), fécula de batata (4,14%), emulsificante
E471 e espessante goma xantana.
Nesses termos e considerando ainda:
- a composição do Farinha
Mix e do que dispõe a Resolução Normativa 85/2022;
- o disposto no artigo 11-A, do Anexo 2, que trata da redução da base de cálculo nas operações internas das mercadorias da cesta básica; e
- as recentes decisões da Administração
Tributária que tiveram seu entendimento alterado sobre o enquadramento de outros produtos como mercadoria de consumo popular, como por exemplo as
decisões dos processos nº 2370000007244, 2370000007424 e 2370000007552;
A consulente questiona:
1) Se pode aplicar a redução da base de
cálculo do ICMS do artigo 11-A do Anexo 2, e considerar o produto como um item
da cesta básica, posto que a Farinha Mix contém em sua composição farinha de
arroz e fécula de mandioca?
2) Se a
resposta da questão 1, for negativa, qual a correta tributação para o produto
Farinha Mix para Receitas, NCM 1102.90.00 em Santa Catarina?
É o Relatório.
Passo à análise.
Lei 10.297/96,
art. 19, I e III, n; RICMS/SC, art. 26, I e III, n; RICMS/SC, Anexo 2, art.
11-A; e Resolução Normativa 85/2022.
O artigo 11-A do
Anexo 2 do RICMS/SC-01 trata da redução da base de cálculo do ICMS nas
operações internas com mercadorias da cesta básica nos seguintes termos:
Art.
11-A. Até 31 de dezembro de 2026, nas operações internas das seguintes
mercadorias da cesta básica, a base de cálculo do imposto fica reduzida em
41,667% (quarenta e um inteiros e seiscentos e sessenta e sete milésimos por
cento):
I farinha de trigo,
de milho e de mandioca;
II massas alimentícias
na forma seca, não cozidas, nem recheadas nem preparadas de outro modo, exceto as do tipo grano duro;
III pão francês, de
trigo ou de sal obtido pela cocção de massa preparada com farinha de trigo, fermento biológico, água e sal e que não contenha ingrediente que venha a
modificar o seu tipo, a sua característica ou a sua classificação;
IV REVOGADO;
V feijão;
VI REVOGADO;
VII mel;
VIII farinha de
arroz;
IX arroz polido,
parboilizado polido, parboilizado integral e integral, exceto se adicionado a
outros ingredientes ou temperos;
X carnes e miudezas
comestíveis frescas, resfriadas ou congeladas de aves das espécies domésticas e
de suíno; e
XI erva-mate
beneficiada, inclusive com adição de açúcar, espécies vegetais ou aromas.
XII leite
esterilizado longa vida.
Parágrafo único. O
benefício previsto no inciso I do caput deste artigo, relativo
à farinha de trigo, não se aplica às operações realizadas por estabelecimento
industrial.
O citado dispositivo legal tem como finalidade reduzir a carga
tributária de um rol de produtos considerados como pertencentes à cesta básica.
Tal benefício já foi alvo de dúvidas e questionamentos, o que levou à
edição da Resolução Normativa nº 85/2022 pela Administração Tributária. Com
isso, buscou-se adequação da legislação catarinense ao entendimento esposado
pelo Tribunal Administrativo Tributário (TAT), a respeito da impossibilidade de
se colocar limites à redução da base de cálculo prevista nos arts. 11-A e 11-B
do Anexo 2 do RICMS/SC, sem disposição legal expressa.
Nesse sentido, a referida Resolução determina que:
SE A NORMA LEGAL NÃO IMPÕE QUALQUER RESTRIÇÃO A SUA APLICAÇÃO, DEIXANDO
DE ESPECIFICAR QUAL TIPO DE PRODUTO DEVE SE ENQUADRAR NAQUELES LISTADOS E, CONSEQUENTEMENTE, SER OU NÃO BENEFICIADO PELA REDUÇÃO, TODOS OS PRODUTOS QUE
SE ENQUADREM NO CONCEITO (P.EX.: FEIJÃO, MEL, ETC.) ESTÃO SUJEITOS À RESPECTIVA REDUÇÃO. (grifou-se)
A Resolução Normativa nº 85/2022 é cristalina ao afirmar que apenas a
norma legal pode impor restrições ao benefício vigente. Caso não haja qualquer
especificação a respeito de determinado produto elencado, deve-se aceitá-lo na sua forma mais genérica, desde que se enquadre no respectivo conceito.
Há
que se ressaltar que a aplicação da referida Resolução deve ocorrer em
consonância com o disposto no art. 111 do CTN. Com
base no referido artigo, a interpretação literal é obrigatória para as
disposições tributárias que concedem benefícios fiscais e, da mesma forma que
não é possível restringir, também não é possível ampliar benefícios
fiscais.
Nesse sentido, cumpre analisar se o conceito do produto Farinha Mix se
enquadra em algum dos itens da cesta básica. Como o próprio consulente expõe,
trata-se de uma mistura composta por farinha de arroz, fécula de mandioca, fécula de batata emulsificante E471 e espessante goma xantana. Ao ser feita tal
combinação, já não existe mais o ingrediente na sua forma pura. E os incisos do
art. 11-A do Anexo 2 do RICMS/SC são bastante claros ao expressarem os itens a
serem beneficiados, como no caso da farinha de arroz (inciso VIII)
Assim sendo, não é cabível o benefício da redução da base de cálculo do
ICMS do artigo 11-A do Anexo 2, pois a mistura de farinhas ou farinha mix (NCM 1102.90.00) não está entre os
produtos da cesta básica.
Portanto, nas operações internas com farinha mix, aplicam-se as seguintes alíquotas:
a) de 17%, quando destinadas a não contribuinte
do ICMS (consumidor final), nos termos da Lei 10.297/96, artigo 19, inciso I e artigo 26, I do RICMS/SC.
b) 12% quando destinadas a contribuinte do ICMS,
exceto se destinadas a uso ou consumo, nos termos da Lei 10.297/96, artigo
19, inciso III, n e artigo 26, III, n do RICMS/SC.
Diante do exposto, responda-se à Consulente que:
1. Não é possível aplicar a
redução da base de cálculo do ICMS do artigo 11-A do Anexo 2, pois a mercadoria
farinha mix ou mix de farinhas (NCM 1102.90.00)
não é considerada item da cesta básica.
2. Nas operações internas com a farinha mix (NCM 1102.90.00),
aplicam-se as seguintes alíquotas:
a) de 17%, quando destinadas a não contribuinte
do ICMS (consumidor final), nos termos da Lei 10.297/96, artigo
19, inciso I e artigo 26, I do RICMS/SC.
b) 12% quando destinadas a contribuinte do ICMS,
exceto se destinadas a uso ou consumo, nos termos da Lei 10.297/96, artigo
19, inciso III, n" e artigo 26, III, n do RICMS/SC.
É o parecer que submeto à apreciação desta Comissão
Permanente de Assuntos Tributários.
| Nome | Cargo |
| DILSON JIROO TAKEYAMA | Presidente COPAT |
| FABIANO BRITO QUEIROZ DE OLIVEIRA | Gerente de Tributação |
| NEWTON GONÇALVES DE SOUZA | Presidente do TAT |
| CAROLINA VIEITAS KRAJNC ALVES | Secretário(a) Executivo(a) |
| Data e Hora Emissão | 23/04/2025 17:08:47 |